A Inteligência Artificial no Direito chegou para ficar. Seja ao automatizar processos, ao agilizar a elaboração de contratos ou ao criar alertas e notificações sobre prazos fatais, a tecnologia é cada vez mais uma aliada poderosa dos advogados e outros profissionais do ramo.
No entanto, você já parou para pensar que a Inteligência Artificial pode chegar ao ponto de salvar vidas quando aplicada ao contexto judicial?
É a tese que sustenta Joshua Walker, autor do livro “On Legal AI”, talvez o primeiro tratamento sistemático e prático deste tópico.
Com mais de 20 anos de experiência neste e em campos afins, e com quase o mesmo período como advogado de propriedade intelectual, Walker está buscando implantar a próxima geração de soluções jurídicas avançadas.
Ele foi um dos convidados da Carol Hannud, nossa Head de Parcerias e Comunidade, para bater um papo durante um episódio da LinkedIn Live “Novos Horizontes da Profissão Jurídica”. Você pode assistir à live completa clicando aqui!
Joshua conta que seu pai atuava na área da hotelaria e com uma certa idade passou a se interessar muito por dados e estatísticas. Em conjunto com parceiros, conseguiu desenvolver um sistema matemático que pudesse prever em quanto tempo um novo empreendimento iria começar a dar lucro com base no valor inicial investido, preço previsto da diária e diversos outros indicadores.
“Nessa época, o estado do Texas liberou os dados de receitas de todos os hotéis do estado para equilibrar a balança de oferta e procura. Quase não havia hotéis em El Paso enquanto havia hotéis demais em Houston, por exemplo. Mas o problema é que os dados por si só são inúteis”.
Unindo esses dados do governo com o sistema desenvolvido, o pai de Joshua Walker e seus companheiros conseguiram construir esse banco de dados capaz de prever o retorno de um empreendimento em uma determinada localização no período de 10 anos.
E por que estamos te contando essa história?
Porque a lógica por trás da Lex Machina é exatamente a mesma, só que para processos federais dos Estados Unidos.
“A gente conseguia prever dentro de certos limites ou pelo menos ter uma noção exata do que estava acontecendo pelo padrão do mercado usando dados brutos que não eram utilizáveis por um jornalista nem pelo próprio presidente ou ainda pelo Congresso ou pela Justiça. Então nós pegamos isso e criamos uma espécie de dashboard não para prever quanto dinheiro um hotel podia faturar, mas para ter uma noção de como o sistema estava funcionando.”
Agora que passamos por toda essa introdução para entender o histórico de Joshua Walker (e seu pai), chegamos à dúvida do título deste texto: como a Inteligência Artificial aplicada ao Direito pode salvar milhões de vidas?
Você já deve ter ligado uma coisa à outra e a resposta vai exatamente nesse caminho: prevendo o resultado mais provável de um processo e agilizando-o. Joshua dá o exemplo das milhares de idosos no Brasil que estão à espera de uma definição em relação às suas aposentadorias. Se esses processos se resolvessem mais rapidamente, eles poderiam ter acesso ao dinheiro que lhe é de direito antes e de fato utilizá-lo. A triste realidade é que muitos morrem durante esse processo.
“Nosso objetivo inicial no Brasil é salvar 200 mil vidas. Pode ser impossível de provar causa e consequência do ponto de vista legal, mas eu não acho que é. Se eu tenho 60 anos e leva mais de 10 anos para resolver meu processo na Previdência Social, eu posso morrer. As pessoas vão morrer se esses prazos não diminuírem.”
No decorrer da live, Carol Hannud e Joshua Walker debateram diversos outros temas interessantíssimos como este, e você pode assistir à gravação completa aqui.
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#NHPJ Como é trabalhar no jurídico na indústria do entretenimento?
#NHPJ: Quais são os limites da Inteligência Artificial no Direito?
#NHPJ: Repensando contratos sob a ótica de eficiência comercial