Se alguns anos atrás, a ideia da utilização de máquinas no dia a dia das profissões parecia algo um pouco distante, podemos dizer que esse cenário mudou. Quando olhamos em especial para a advocacia, estamos falando da criação automática de contratos pré-elaborados, análises preditivas e tomada de decisões, investigação de fraudes e até prevenção de crimes.
Tudo isso tem um impacto muito positivo, mas também é necessário ponderar quais os “efeitos colaterais” do uso da Inteligência Artificial no Direito ou mesmo quais são seus limites éticos.
Esse foi um dos temas debatidos no episódio da nossa série de LinkedIn Lives chamada “Novos Horizontes da Profissão Jurídica” (estilizado ali no título para #NHPJ) que contou com a participação de Marina Feferbaum, coordenadora do Centro de Ensino e Pesquisa em Inovação (CEPI) e da Área de Metodologia de Ensino da Faculdade de Direito da FGV de São Paulo, além de Adjunt Professor na Fordham University, em Nova York, nos Estados Unidos.
Em um papo super interessante com Carol Hannud, nossa Head de Parceria e Comunidade, Marina contou sua perspectiva sobre o assunto, defendendo um equilíbrio entre o uso da I.A. e a intervenção humana.
“A quantidade de processos que a gente tem no Brasil é absurda, é desumano para o juiz trabalhar com um volume tão grande”, argumenta. Por outro lado, ela lembra que a tecnologia está aí para nos ajudar, mas precisamos fazer uma reflexão: “Como a gente pode realmente se apropriar do melhor dela sem perder o mais importante que é esse lado humano, de fazer revisões e ter isso como garantia?”, completa Marina.
“O fundamental é você, ser humano, ter controle da máquina sempre. É como o piloto de avião que pode tirar a qualquer momento a aeronave do piloto automático e ter o controle da decisão. Esse é o limite da tecnologia.”
Continuando nessa discussão, chegamos à questão da saturação do mercado de trabalho para advogados e advogadas. Será que todos conseguem (re)colocação, ainda mais tendo em vista essa presença cada vez maior da tecnologia no dia a dia dos profissionais, a ponto de até substituir alguns postos de trabalho.
E essas dificuldades serão sentidas de maneira mais profunda pelos profissionais formados há 10, 20, 30 anos, que não possuem tanto know-how em relação a novos sistemas e softwares em comparação com a geração mais nova.
Em face a isso, Marina recorre ao conceito de life-long learning - um termo inglês que, em tradução livre, significa “aprendizado ao longo da vida” - e cita o exemplo de Singapura, que estimula o ingresso ao ensino superior oferecendo descontos progressivos com base na idade de seus cidadãos.
“Eu acho que as faculdades já estão olhando para esse ‘life-long learning’, mas eu vejo como isso ainda não está presente. Às vezes a pessoa quer fazer uma nova faculdade, mas não consegue validar uma simples disciplina. É tanta barreira que é até um desincentivo”.
A conversa entre a Carol e a Marina ainda abordou outros temas muito relevantes, incluindo como é ser uma professora brasileira em uma universidade americana, o preconceito do ambiente acadêmico dos países do chamado Primeiro Mundo em relação aos países em desenvolvimento, entre outros.
Para conferir o vídeo completo da live, basta clicar aqui! Abaixo, você confere mais posts que já publicamos contando sobre outras lives “Novos Horizontes da Profissão Jurídica”! Confira:
#NHPJ: O que faz um headhunter jurídico?
#NHPJ: Repensando contratos sob a ótica de eficiência comercial